Pesquisadoras/es de pós-doutorado visitantes

Graduado em História pela USP (2007), obteve seu mestrado (2011), doutorado (2019) e pós-doutorado (2023) em história social pela mesma instituição. Tem experiência na área da História, com ênfase em política, diplomacia, tráfico negreiro, escravidão e abolição no Império brasileiro. É membro do Laboratório de Estudos sobre o Brasil e o Sistema Mundial (Lab-Mundi/USP) e coordenador do grupo de pesquisa Capital, Estado e Trabalho: A crise da escravidão negra no longo século XIX. É autor de Imprensa e escravidão: política e tráfico negreiro no Império do Brasil (Rio de Janeiro, 1822-1850) (Intermeios, 2016). Atualmente, está trabalhando em um projeto de livro que visa analisar o processo abolicionista brasileiro a partir de uma perspectiva global.

Projeto: Combatendo a Desigualdade: A Abolição da Escravidão Brasileira em Perspectiva Global, 1879-1888

Resumo:
O projeto tem como objetivo analisar a integração do Império Brasileiro na crise definitiva da escravidão negra na América. Esse objetivo é almejado por meio de dois planos distintos, embora relacionados. O primeiro é examinar como os agentes históricos brasileiros orientaram suas expectativas sobre o futuro do cativeiro com base nas experiências emancipatórias de Cuba e dos Estados Unidos, em suas interpretações do período da Reconstrução Americana e na pressão que receberam do abolicionismo do Atlântico Norte. A segunda é ver como, no último quarto do século XIX, as guerras de independência de Cuba, as mudanças no sistema capitalista internacional e a transformação da estrutura dos estados-nação tiveram impacto em certos processos históricos em andamento no Império. Ao integrar essas duas dimensões, a pesquisa visa entender como eventos e fenômenos políticos, econômicos e sociais globais contribuíram para criar o campo de possibilidades que selou o destino da escravidão brasileira.

Disciplina principal: História

Após concluir sua graduação na Goethe Universität Frankfurt am Main (Universidade Goethe de Frankfurt), obteve seu mestrado na London School of Economics (Escola de Economia de Londres). Em 2020, obteve seu doutorado no campo da sociologia do conhecimento pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos da FU Berlin como membro do International Research Training Group Minor Cosmopolitanisms. Após dois anos e meio como assistente de pesquisa do diretor das Coleções Etnográficas do Estado da Saxônia, ela é atualmente coordenadora de restituição no Ethnologisches Museum / Museum für Asiatische Kunst (Stiftung Preußischer Kulturbesitz).

Projeto: Restituição e conservação do convívio

Resumo:

Os museus etnológicos têm se esforçado para encontrar respostas adequadas a um processo de reconhecimento pós-colonial. Ao mesmo tempo, o retorno de artefatos ou entidades “diaspóricos” levanta a questão de como as restituições podem contribuir para o desvendamento do museu, dadas as suas raízes na modernidade colonial. Que modos de relação as restituições podem evocar? Como o museu pode se tornar uma esfera de possibilidade para encontros com estruturas epistemológicas e ontológicas que foram invalidadas? Esta pesquisa se aprofundará nas possibilidades de curar o convívio nesses termos e levantará questões sobre os efeitos curatoriais da restituição em termos de desigualdade convívio-humano/mais-que-humano.

Suas atividades de pesquisa se concentram na dinâmica da (in)segurança usando gênero e raça como categorias de análise. Elas articulam o vínculo entre políticas de segurança macro e experiências cotidianas por meio do uso de ferramentas sociológicas. Ela é doutora em sociologia pela Université Paris 8, mestre em estudos de gênero pela EHESS (Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales) em Paris, bem como formada em relações internacionais pela UnB (Universidade de Brasília). Lecionou na Université de Lille, na Université Paris 8 e na UnB. Trabalhou como consultora para o Frameworks Institute, a OCDE e como assistente de programa em Brasília com o PNUD e a ONU Mulheres.

Projeto: Convivialidade militarizada, desigualdade e resistência de mulheres no Brasil

Resumo:

A militarização da guerra às drogas tem efeitos particulares sobre as mulheres brasileiras, especialmente as da periferia, aumentando a sua vulnerabilidade através da exploração económica, da exclusão dos processos políticos institucionais e do acesso aos direitos fundamentais. Apesar disso, tem havido um aumento do número de coletivos de mulheres ativistas contra a violência policial e uma crescente mobilização. Como explicar este fenómeno quando parece que o ambiente político, económico e de segurança foi concebido para as silenciar? Apesar da crescente militarização, entendida aqui como uma política de género de distribuição desigual da precariedade (Butler, 2010), como é que estes grupos de mulheres têm sido capazes de se organizar e demonstrar resiliência e resistência antimilitarista? Baseando-se no conceito de militarização de Cynthia Enloe como um processo de género e aplicando-o ao caso brasileiro, a pesquisa de Izadora Xavier propõe olhar para as resistências das mulheres brasileiras através da sua capacidade de reapropriação e subversão da narrativa de segurança dominante.

Disciplina principal: Sociologia

Obteve seu doutorado em Sociologia pela FU Berlin em 2023. Seus interesses de pesquisa incluem sociologia histórica (global), economia política marxista do trabalho, análise de sistemas mundiais, história global do trabalho, regimes de trabalho não livres e compulsórios no capitalismo histórico e contemporâneo, geopolítica do conhecimento, com foco especial na América Latina e no Brasil. Publicou artigos sobre desigualdades sociais globais e a economia política da política social. Foi professora visitante na Universidade de Tallinn (2008-2009) e pesquisadora visitante na USP (2014). Sua tese de doutorado Working-Class at Large in Historical Capitalism: Global Southern Perspectives (2022) examina criticamente os conceitos hegemônicos de trabalho e classe trabalhadora nas ciências sociais do ponto de vista da produção de conhecimento periférico e das formas coloniais/poscoloniais de trabalho não-livre e compulsório. Atualmente, ela está preparando uma proposta de publicação com base em sua tese de doutorado.

Projeto: Configurações de trabalho coexistentes na “nova historiografia” brasileira: uma abordagem periférica dos emaranhados macro-micro

Resumo:

O projeto examina a mistura de trabalho escravo, compulsório e livre no Brasil do século XIX sob a hegemonia do capitalismo liberal-industrial. A premissa subjacente desse projeto é que a definição do capitalismo como um sistema socioeconômico de trabalho assalariado “livre” tem limitações ao considerar os arranjos de trabalho colonial e periférico mais complexos no desenvolvimento capitalista, em particular o trabalho forçado (não livre) e o trabalho não assalariado/semissalariado. Portanto, o objetivo é renovar o conceito dominante do ponto de vista das realidades periféricas e da produção de conhecimento. Ao refutar o argumento evolucionista sobre a transição do trabalho assalariado não-livre para o trabalho assalariado “livre”, o projeto amplia a pesquisa sobre a “nova historiografia” do Brasil desenvolvida no âmbito da tese de doutorado da Dra. Lillemets, que demonstrou como os regimes coloniais de escravidão se desenvolveram no século XIX em misturas complexas de trabalho escravo, servil e livre (não-escravo) a nível nacional, regional e em diferentes unidades de produção. Combinando pesquisas sobre micro-histórias do trabalho e estudos macroestruturais da escravidão capitalista, o projeto examina as formas coexistentes de exploração do trabalho, interceptadas por hierarquias sociais, raciais e legais e estruturadas pelas transformações da economia global sob o capitalismo liberal-industrial.