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Ana Carolina Torquato

Ana Carolina Torquato é doutora em Estudos Literários pela UFPR, tendo participado de um programa de intercâmbio de doutoramento na Universidade de Potsdam (Alemanha). É mestre em Estudos Literários e Literatura Comparada pelas universidades de Sheffield (Reino Unido), Santiago de Compostela (Espanha) e Nova de Lisboa (Portugal). Ana possui um bacharelado em Estudos Literários pela UFPR. Suas principais áreas de interesse são literatura, estudos de animais, estudos de desastres e ecocriticismo. Em seu projeto de pesquisa atual, Ana trabalha com a representação da relação entre animais humanos e não-humanos em zoológicos e aquários, na literatura brasileira do pós-guerra. Seu foco é principalmente a investigação das relações de poder, assim como a natureza da agência animal, estabelecida entre seres humanos e espécies que vivem em cativeiro.

Projeto: Zoológicos e aquários na literatura brasileira: relações de convivialidade e desigualdade entre animais humanos e não-humanos

Resumo:
O projeto investiga como as relações homem-animal são percebidas e representadas em zoológicos e aquários urbanos na literatura brasileira do pós-guerra. Minha base de análise está em obras selecionadas de dois escritores brasileiros: Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. O corpus é composto por cerca de 14 textos, incluindo três novelas e um conto de Clarice Lispector e um conjunto de dez contos de Guimarães Rosa. Os temas dessas narrativas coincidem já que relatam visitas a zoológicos e aquários localizados no Brasil e na Europa. Além de se referirem ao reconhecimento geográfico dos espaços, os narradores também comentam sobre a agência animal e o estado de confinamento dos animais observados. Por isso, minha análise se concentrará em quatro pontos principais: a descrição dos zoológicos e aquários; a presença ou ausência de quaisquer observações relativas ao estado de cativeiro dos animais; a descrição da relação homem-animal; e como os textos percebem a agência animal naquele ambiente específico. Para apoiar esta discussão e para entender como a presença de animais na paisagem urbana mudou ao longo do tempo, o projeto utiliza uma base teórica que dialoga com a sociologia, a etologia e a história dos zoológicos e aquários no Brasil e no mundo. Ele investiga como a urbanização tem historicamente interferido nas relações homem-animal e analisa criticamente a ascensão dos zoológicos e aquários como lugares destinados tanto ao entretenimento quanto, nos tempos atuais, à preservação dos animais e à pesquisa.

Disciplina principal: Estudos literários

Publicações selecionadas:
• TORQUATO, A. C.. Animality and Textual Experimentalism in João Guimarães Rosa?s My Uncle, the Jaguar. Word and Text: A Journal of Literary Studies and Linguistics, v. XI, p. 187-200, 2021.

• TORQUATO PINTO DA SILVA, ANA CAROLINA. Memória e reconhecimento em -Nenhum, nenhuma-, de João Guimarães Rosa. EM TESE (BELO HORIZONTE. ONLINE), v. 24, p. 247-261, 2019.

• TORQUATO, A. C.. O animal e o humano em A Confissão da Leoa, de Mia Couto, e ‘Meu tio o Iauaretê’, de João Guimarães Rosa. CADERNOS DE PÓS GRADUAÇÃO EM LETRAS (ONLINE), v. 17, p. 61-71, 2017.

• TORQUATO, A. C.. The Analysis of Love and influence in Machado de Assis and Percy Bysshe Shelley. Revista Versalete, v. 2, p. 156-169, 2014.

• Torquato, Ana Carolina. Estudo sobre a condição de ‘(não) animalidade humana’ e a dualidade do ‘eu’ na obra ‘Grande sertão: veredas’, de João Guimarães Rosa. EM TESE (BELO HORIZONTE. ONLINE), v. 20, p. 180-198, 2014.

Simone Toji

Simone Toji é doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Andrews, mestre em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Ela é a autora de “A imensidão de ser singular: abordando vidas migrantes através da ressonância” (no prelo). É professora associada da Universidade Belas Artes e funcionária do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAN). Seus projetos atuais exploram questões em torno de estudos migratórios, etnografia, cosmopolitismo, estudos urbanos e patrimônio cultural.

Projeto: Patrimônio cultural e migração no Brasil: representações de identidade e de convivialidade em disputa

Resumo:

As políticas de patrimônio cultural no Brasil têm se preocupado predominantemente com as narrativas sobre a nação brasileira. Elas constituem meios significativos para definir a representação daqueles que podem ser considerados parte do país. No caso dos migrantes internacionais, as políticas de patrimônio cultural têm operacionalizado o reconhecimento de seus legados de duas formas principais: aplicando uma noção de assimilação, na qual se diz que os migrantes se tornaram “brasileiros”; ou recorrendo a uma noção de multiculturalismo, que identifica os migrantes como grupos de diferenças que constituem a nação. Em outras palavras, a partir da perspectiva nacional, o não-nacional só é reconhecido quando se torna o mesmo – “tornando-se brasileiro” – ou contrastante – “o outro”.  Ao investigar o pedido de famílias de origem japonesa de ter uma celebração religiosa ecumênica, Toro Nagashi, reconhecida como patrimônio cultural brasileiro, este projeto explora como a visão de coexistência nessa celebração está questionando a base de referência nacional das políticas de patrimônio cultural brasileiro e levando as autoridades responsáveis pelo patrimônio a encarar uma perspectiva mais global e cosmopolita que encoraja a imaginação de outros modelos de convivialidade.

Disciplina principal: Antropologia

Publicações selecionadas:
•  Toji, Simone: The Immensity of Being Singular: Approaching Migrant Lives in São Paulo through Resonance. HAU Books and The University of Chicago Press. (Forthcoming)

•  Toji, Simone (2021): “Contingencies of wellbeing: the portrait of an international migrant in Brazil in pursuit of the good life.” In: Gronseth and Skinner (ed.) Mobilities of Wellbeing, Ethnographic Studies in Medical Anthropology. Carolina Academic Press.

•  Toji, Simone with Chiara Bortolotto, Panas Karampampas, and Philipp Demgenski (2020a): “Proving Participation: Vocational Bureaucrats and Bureaucratic Creativity in the Implementation of the UNESCO Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage.” Social Anthropology 28 (1): 66–82. DOI.

•  Toji, Simone (2020b): “Whose intangible cultural heritage? Cowboy culture, heritage self-determination and the expression of a divided nation in the context of populist politics in Brazil.” International Journal of Heritage Studies, 27, 1, 1-11.

•  Toji, Simone (2019): “The Gambiarra City: International Migrants’ Subjectivity and the Making of a Multi-Dimensional Urban Space in São Paulo,” Urbanities, 9, 66 – 83.