Pesquisadoras/es visitantes

Professor interino do Departamento de Estudos Culturais Ibero-Americanos da Universität Heidelberg. Seus principais interesses e focos de pesquisa incluem fenômenos culturais latino-americanos dos séculos XVII ao XX, teoria cultural, teorias da descolonização e do subalterno, e filosofia cultural latino-americana. Além de lecionar em Mainz, Munique e Utrecht, ele deu palestras na Espanha, Equador, Chile, Colômbia e Brasil.

Projeto: Imaginários além do limite: visualizando Escrevivência, de Conceição Evaristo, e Lugar de Fala, de Djamila Ribeiro, como perspectivas decoloniais de convivência

Resumo:

Este projeto de pesquisa analisará a obra da autora afro-brasileira Conceição Evaristo (*1946). Evaristo nasceu no Pindura Saia, uma favela de Belo Horizonte, Minas Gerais. Sua mãe não tinha instrução, mas colecionava cadernos que encontrava nas ruas e os preenchia com seus textos sobre a vida, pensamentos e poemas. Sem dúvida, sua mãe foi uma grande influência para Conceição. Ela costuma dizer que, por causa do hábito da mãe, cresceu rodeada de palavras, mesmo que não tenha crescido rodeada de livros. A ficção de Evaristo trata do silenciamento das vozes marginalizadas e visualiza com uma sensibilidade poética específica as histórias de mulheres negras que vivem em condições de pobreza, desafiando o desejo da pequena burguesia hegemônica brasileira de apagar ou ignorar a forte presença dos africanos e seus descendentes na formação nacional. Ele cunhou o termo escrevivência para descrever seus escritos. Escrevivência significa “contar nossas histórias a partir de nossas perspectivas”. O neologismo é composto de escrita (escrever) e vivência (viver), como em experiência. A literatura de Evaristo é a forma mais particular e inovadora de representação da afro-brasilidade na vida cotidiana contemporânea, oferecendo uma visão complexa de um mundo que reconhece e se baseia em uma multiplicidade de vozes. Dentro dessa estrutura, esta pesquisa se concentrará em seus temas de corpo, procriação, reprodução, escravidão e desejo.

Cientista política cujo trabalho está situado na interseção da teoria política, estudos de gênero e estudos pós-coloniais. Ela ocupou cargos de professora e pesquisadora em Berlim, Nova York, Londres, Islamabad, Duisburg e Bielefeld, entre outros. Desde 2017, leciona política no Departamento de Estudos Culturais da Universität Koblenz. Sua pesquisa atual se concentra em dois desafios vagamente conectados: formular uma crítica feminista pós-secular da religião e repensar questões centrais da teoria política à luz dos estudos pós e decoloniais.

Projeto: Desigualdade, convívio e solidariedade: um olhar sobre a teoria pós-colonial

Resumo:

Os estudos pós-coloniais e decoloniais analisam, teorizam e criticam as muitas facetas de nosso presente pós-colonial, um presente moldado pelo colonialismo europeu de várias maneiras. Durante muito tempo, a produção de conhecimento ocidental descontextualizou, trivializou, ignorou ou até mesmo legitimou essas influências. Nesses casos, ela pode ser interpretada como moldada pela própria lógica colonial. Esta pesquisa faz parte de um projeto maior de livro que visa ajudar a abordar e desfazer esses resíduos coloniais, delineando como deve ser uma teoria política pós-colonial. Com relação à desigualdade, o projeto enfoca os aspectos da desigualdade que são particularmente destacados e abordados nas teorias pós-coloniais e discute as maneiras pelas quais essa abordagem pode ampliar, mudar e desafiar as teorias sociais e políticas ocidentais mais tradicionais da desigualdade. Em termos de convivência, discute como abordar a diversidade e a pluralidade das sociedades contemporâneas (e, portanto, pós-coloniais) de forma a corrigir, em vez de prolongar, formas anteriores de injustiça, inclusive as coloniais. Por fim, em relação à solidariedade, enfoca as dificuldades e ambivalências da solidariedade global, bem como a solidariedade entre os diferentes em contextos marcados por extrema desigualdade.

Doutor em Ciência Política e professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele dirige o Grupo de Análise de Políticas Internacionais da UFF. Anteriormente, foi pesquisador do Belfer Center for Science and International Affairs da Kennedy School of Government da Universidade de Harvard. Sua pesquisa é especializada em segurança internacional, com ênfase no papel de atores estatais e não estatais, estruturas de governança híbridas e a resiliência das comunidades locais.

Projeto: Crime Organizado Transnacional e Governança Híbrida na América Latina: Brasil e México

Resumo:

O projeto de pesquisa explora como a governança formal e informal interage para controlar a violência em diferentes contextos de segurança, sociais e políticos. Entendemos que a governança híbrida ocorre quando os esquemas de proteção são gerenciados pela relação ilícita entre atores estatais e não estatais. Então, qual é a relação entre ilegalidade e violência? Diversos autores argumentam que a dinâmica da violência é influenciada por diversas variáveis, como a concorrência em mercados ilícitos, a fraca aplicação da lei e a corrupção, para citar algumas. Neste projeto de pesquisa, a análise se concentrará na dinâmica da violência no mercado de tráfico de drogas ilícitas no Brasil e no México. A discussão se concentrará mais especificamente nas duas principais rotas de tráfico do Brasil, a Rota Amazônica e a Rota Provincial.

Estudou filologia românica (espanhol, francês) e estudos árabes em Frankfurt, Barcelona e Berlim. Após estadias mais curtas no Brasil e em Portugal, na Romênia e na Síria, especializou-se inicialmente em estudos medievais, em particular na literatura catalã da Idade Média, e obteve seu doutorado em diálogo literário sobre o filósofo medieval tardio Ramon Llull pela FU Berlin em 2001. Trabalhou como assistente de pesquisa no Institute of Romance Philology e no Collaborative Research Centre SFB Kulturen des Performativen na FU Berlin. Obteve a Habilitation (habilitação) sobre a encenação da cosmografia na poesia épica renascentista da França, Espanha e Portugal na mesma instituição. Desde 2009, é professor universitário de filologia românica, em especial estudos literários e culturais ibero-românicos, na Ruhr-Universität Bochum. Ele produziu traduções literárias do catalão e é coeditor da Zeitschrift für Katalanistik desde 2006. Seus interesses atuais de pesquisa incluem os processos de constituição de conhecimento na poesia épica e no diálogo literário durante o Renascimento, a literatura portuguesa e espanhola nos primeiros períodos de colonização no sul e sudeste da Ásia e a autorreferencialidade da poesia épica do século XIX, especialmente no Brasil.

Projeto: Autorreflexividade e convivialidade na poesia épica brasileira do século XIX

Resumo:

A poesia épica é de grande importância no mundo lusófono e também ocupa um lugar central na literatura brasileira do século XIX, embora algumas vozes críticas (na Europa, Hegel; no Brasil, a Polêmica da Confederação dos Tamoios) a tenham declarado morta com o advento do Romantismo. A extensa produção de dezenas de poemas, com muitas dezenas de milhares de versos, também pode ser explicada pelo interesse pessoal do imperador D. Pedro II em épicos em geral e em encontrar um poema representativo para o Brasil. Se até então o gênero era caracterizado por grande prestígio literário, verticalidade social e homogeneidade literária, no século XIX ele se abriu a todos os níveis de comunicação: um modelo linguístico mais vernacular (Gonçalves de Magalhães), um conceito mais inclusivo do herói épico (Teixeira e Sousa), uma adaptação aos cenários brasileiros, uma gama social mais ampla de autores (Sousândrade, Nísia Floresta) e a abertura do poema épico para a coexistência de discursos e estéticas literárias divergentes (Carvalho Ramos) – uma diversidade de vozes antes atribuída apenas ao romance. O programa ativo de disseminação épica da monarquia acompanha essa evolução, que pode ser entendida no contexto das tendências crescentes de convívio na vida literária brasileira. Os poemas testemunham essa polifonia discursiva não apenas em sua composição, mas também refletem esses processos em sua dimensão autorreflexiva.

Socióloga urbana interessada em desigualdades urbanas, em como nossa coexistência nas cidades aumenta a segregação social e espacial nas cidades e em como surgem a confiança, a segurança e o entendimento comum do mundo urbano. Ela escreveu sobre conceitos próximos à convivialidade, como familiaridade pública, comunidade como prática urbana e zonas de conforto urbano. Após receber seu PhD da UvA (Universidade de Amsterdã) em 1998, atuou como professora visitante, recebendo várias bolsas de pós-doutorado na Universidade de Manchester, na The New School for Social Research e na Universidade de Yale. Atuou como pesquisadora senior e líder de projeto no OTB Institute for Urban Development na TU Dekft (Universidade Técnica de Delft) e como Gradus Hendrik Professor of Community Development na Erasmus Universiteit. Em 2009, ela se mudou para Berlim como professora de Sociologia Urbana na Humboldt Universität Berlin (Universidade Humboldt de Berlim), onde também dirigiu o Georg Simmel Center for Urban Studies.

Projeto: Familiaridade pública, convívio e acesso desigual a recursos

Resumo:

Por que é importante para nós convivermos nas cidades? Por que perder tempo na presença cara-a-cara com desconhecidos urbanos é bom para o nosso mundo urbano? A pesquisa explora essas questões em três etapas. Primeiro, realizando um amplo projeto empírico sobre o papel dos locais de vizinhança para encontros na era digital e sob condições de globalização e, em seguida, na estrutura da COVID-19, a pesquisa explorará as consequências das restrições de fechamento para interações no espaço público urbano, para o senso de confiança e segurança das pessoas, relacionamentos com outras pessoas e para a familiaridade pública (um conceito próximo à convivialidade). Além disso, as condições da familiaridade pública serão exploradas em um segundo ponto que tem como objetivo construir um argumento com base empírica sobre a relevância das instituições urbanas. Reflexões sobre a necessidade de conflito e as vantagens do conflito cara-a-cara – e contextos institucionais – em relação a outras formas (como a troca digital) serão desenvolvidas com base em vários projetos empíricos mais antigos. No terceiro momento, as lentes se voltarão para o acesso a recursos e para as dimensões desiguais da convivência no espaço urbano. Com base em entrevistas com 120 mães de Berlim, exploro como elas praticam o cuidado: que configurações de convívio elas promovem e quais são suas consequências excludentes?