Doutorandas/os

Claudio Cardinali possui graduação em Geografia pela USP (2015), graduação em Comunicação Multilíngue, com foco em tradução nas línguas inglesa, francesa e alemã pela Technische Hochschule Köln (2018) e mestrado em Letras – Francês/Português pela UzK (2020). Atualmente é doutorando associado ao Instituto Luso-Brasileiro da UzK e ao Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP.

Estética e dialética na periferia: a recepção da Teoria Crítica na obra de Roberto Schwarz
Em linhas gerais, o objetivo da pesquisa é especificar a compreensão de literatura do ensaísta brasileiro Roberto Schwarz a partir da comparação com autores em cuja tradição o próprio crítico se vê, como Theodor W. Adorno e Walter Benjamin. O primeiro foco da pesquisa é a recepção de tais pensadores nos ensaios de Schwarz, em especial a Teoria Estética de Adorno e a compreensão de História de Benjamin. Esse primeiro momento se configura como de aproximação entre as perspectivas. Trata-se de demonstrar em que sentido Schwarz é, indubitavelmente, um herdeiro da Teoria Crítica alemã. Num segundo momento, a obra do crítico brasileiro é examinada a partir de sua própria tese, segundo a qual a posição brasileira na periferia do capitalismo possibilitou que um escritor como Machado de Assis não só compreendesse uma dinâmica social fundamental do Brasil pós-colonial, mas com isso também revelasse ex negativo características próprias ao modo de ser do centro. A tese aqui é de que a ‘versão brasileira’ da Teoria Crítica, personificada na ensaística de Schwarz, teria especificidades que lhe permitiriam uma percepção por vezes mais abrangentes que em sua ‘versão clássica’.

Doutoranda e Mestra em Direitos Humanos pela USP. Durante o mestrado, realizou estágio de pesquisa no Instituto de Pesquisas Sociais (IIS), da Universidade Autônoma do México (UNAM). É integrante do grupo de pesquisa Direitos Humanos, Centralidade do Trabalho e Marxismo (DHCTEM-USP) e da Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action (LACLIMA). Sua agenda de pesquisa centra-se nas lutas trabalhistas dos(as) catadores(as) de materiais recicláveis na América Latina. No Mecila, analisará o impacto da financeirização do meio ambiente na construção da subjetividade jurídica desses(as) trabalhadores(as) a partir de um estudo de caso sobre as relações travadas na logística reversa das embalagens no Brasil, especialmente na cidade de São Paulo.

Empregos verdes e subjetividade jurídica: um estudo a partir da indústria da reciclagem na América Latina
A pesquisa visa analisar o impacto da financeirização do meio ambiente na conformação da subjetividade jurídica “empreendedora” dos catadores de materiais recicláveis na América Latina. Uma análise do trabalho dos catadores dentro da concepção de “empregos verdes” da OIT e PNUMA fornece pistas sobre a emergência de uma nova concepção de “emprego” que passa a abarcar relações contratuais atípicas como reflexo da livre iniciativa dos trabalhadores. A partir da teoria do valor-trabalho de Karl Marx e da crítica da forma jurídica de Evgeni Pachukanis, realiza-se um estudo de caso comparado sobre as relações travadas entre os(as) catadores(as), as empresas e o Estado na logística reversa das embalagens no Brasil e no México. Na logística reversa, os(as) catadores(as) são remunerados(as) por tonelagem de resíduos coletados, acréscimos compensatórios por tipo de material, fundo de crédito cooperativo ou custeio de melhorias operacionais em seus empreendimentos. Esse cenário de aparente convivialidade na esfera da circulação exclui o momento da desigualdade na esfera da produção, onde ocorre a exploração da força de trabalho dos(as) catadores(as) na base na cadeia da reciclagem. A pesquisa é relevante pois identifica as limitações impostas pelo capital à potência política desses trabalhadores, direcionando-os ao universo contratual e da sustentabilidade de seus empreendimentos.

Graduada em sociologia pela UNLP, Magdalena Tóffoli é bolsista de doutorado do CONICET, trabalhando no IdIHCS, e doutoranda em Ciências Sociais da UNLP. Seus principais interesses de pesquisa estão relacionados aos processos de organização coletiva nos setores populares, especialmente entre trabalhadores e trabalhadoras que se inserem na economia popular.

Subjetividade, compromisso e política em uma organização de trabalhadores da economia popular (2016-2021)
Minha pesquisa de doutorado tem como objetivo contribuir para o estudo das experiências políticas nos setores populares a partir da análise das formas de ação coletiva, participação e sociabilidade que se desenvolvem em torno da organização de trabalhadores(as) do setor da economia popular na Argentina. Dessa forma, busca-se investigar os processos de mobilização social e política a partir de uma abordagem interessada na produção de subjetividades que eles possibilitam. Por meio de uma estratégia metodológica qualitativa, aborda-se o processo de organização da economia popular na Grande La Plata a partir da perspectiva de trabalhadores(as) têxteis, rurais e sócio-comunitários(as) que participam do Movimento de Trabalhadores Excluídos, uma das organizações representativas do setor, no período de 2016 a 2020. Nessa abordagem, investigamos as práticas organizativas, os sentidos da participação e as formas de sociabilidade que se desenvolvem em torno da organização, buscando compreender as particularidades, que esse processo assume em relação às suas trajetórias sociais e políticas.

Maurício Rodrigues Pinto é doutorando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP (PPGAS-USP). Bacharel e licenciado em História pela USP, fez especialização em Sociopsicologia (FESPSP) e concluiu o mestrado pelo programa interdisciplinar Mudança Social e Participação Política (USP), com a dissertação “Pelo direito de torcer: das torcidas gays aos movimentos de torcedores contrários ao machismo e à homofobia no futebol”. É pesquisador do Núcleo de Estudos dos Marcadores Sociais da Diferença (Numas/USP), estudando dinâmicas de gênero, sexualidade e raça no contexto de práticas esportivas, em especial no futebol brasileiro. Também atua como educador no ensino formal e não formal.

Histórias de vida, histórias da bola: Futebolistas trans e suas insurgências nos campos de jogo
A pesquisa em desenvolvimento investiga e analisa trajetórias de futebolistas trans. O futebol, modalidade que ganhou status de esporte nacional no Brasil, historicamente, tem-se caracterizado por ser um universo masculino cisheteronormativo. Pretende-se mostrar a apropriação e a ressignificação do jogo por pessoas trans, por meio da etnografia de times amadores de futsal/futebol-soçaite, formados por homens trans e pessoas transmasculinas. A equipe pioneira é a Meninos Bons de Bola, criada em agosto de 2016. Hoje, existem mais de 15 times amadores transmasculinos no país, ocupando espaços públicos tradicionalmente associados a homens cisgênero e pretensamente heterossexuais. O objetivo dessa investigação é o de entender os sentidos que esses times atribuem à prática do futebol e como a presença de corpos transmasculinos nos campos de jogo tensionam normas e expectativas de gênero – sobretudo de masculinidade – associadas ao esporte. Ademais, pretende-se compreender como a organização e o pertencimento a times de futebol exclusivos e acolhedores contribuem para a afirmação política e identitária dessas pessoas. A investigação se dá em meio a um contexto de disputas políticas em torno de direitos conquistados pela população trans, inclusive no esporte, vide projetos de lei que visam restringir a participação de pessoas trans em eventos esportivos.

Rafael Elías López Arellano é sociólogo pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e mestre em História pelo COLMEX. Atualmente, é doutorando em História no COLMEX. Seus temas de interesse giram em torno da concepção e do uso da figura do indígena entre intelectuais e literatos na construção da nação no México, bem como a construção de sua imagem e representação gráfica a partir da arte litográfica no século XIX. Sua pesquisa de doutorado atual aborda a história da arte litográfica no México e as representações visuais em litografia sobre o indígena em revistas literárias e álbuns publicados no país no século XIX. Em particular, analisa o caso do desenhista Casimiro Castro e do geógrafo Antonio García Cubas para compreender os marcos de conhecimento a partir dos quais conceberam o indígena e a tradição pictórica na qual foi retratado, além de interrogar sobre os marcadores utilizados para caracterizá-lo e identificá-lo.

Da consolidação do costumbrismo à construção do etnográfico na litografia do século XIX: representações visuais sobre o indígena no México sob o olhar de Casimiro Castro e Antonio García Cubas.
Essa pesquisa trata da história da arte litográfica no México e as representações visuais em litografia sobre o indígena em revistas literárias e álbuns publicados no país no século XIX. Tem como principal objetivo avançar no conhecimento da história dessa arte e como o indígena foi representado na litografia do século XIX, bem como elucidar alguns aspectos sobre a construção do olhar de Casimiro Castro e Antonio García Cubas sobre esse segmento da população mexicana e sua contribuição para uma cultura visual dos outros mexicanos. Proponho que o conjunto de estampas em litografia estava inserido em uma economia visual que envolvia uma rede de colaboradores dentro e fora do país. Da mesma forma, defendo que a análise bi-vocal (que considera a integração entre texto e imagem) das litografias sobre o indígena na obra de Casimiro Castro e García Cubas lança luz sobre os marcos de conhecimento – seja para descrever ou identificar o indígena –, sob os quais construíram o seu olhar e as respectivas representações visuais, em que se identifica uma tensão entre o pitoresco, o costumbrista e o etnográfico.

Ruby Mascarenhas faz seu doutorado em Antropologia Social e Cultural pela FU Berlin e é bolsista do DAAD. Sua pesquisa atual examina as trajetórias profissionais de travestis, transformistas e drag queens brasileiras no mercado de entretenimento alemão a partir da década de 1960. Possui mestrado em Antropologia Social e bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas.

As vênus viajantes: travestis, transformistas e drag queens brasileiras no Travestieshow Alemão (1960 – hoje)
Desde os anos 1960, travestis, transformistas e drag queens brasileiras têm se apresentado nos palcos da Europa Ocidental. O projeto visa analisar o desenvolvimento das carreiras artísticas e profissionais de migrantes brasileiras na cena dos Travestieshow na Alemanha a partir da década de 1960, traçando transformações e continuidades em um mercado de entretenimento globalizado. Ao investigar projetos de migração relacionados a carreiras artísticas, essa pesquisa aborda lacunas nos estudos sobre a migração brasileira para a Alemanha e a migração LGBTQI+ do Brasil para a Europa. Ela contribui para uma análise crítica dos processos de alteridade nas sociedades alemã e brasileira e documenta a história de artistas negligenciados. Ao analisar marcadores sociais de diferença (como raça e nacionalidade), tanto nos discursos dos artistas quanto nos da mídia, se busca compreender o papel de estereótipos raciais e nacionais nas carreiras artísticas e no setor de entretenimento. A metodologia inclui pesquisa em arquivos, entrevistas aprofundadas, observação de participantes e etnografia digital.